O ano que passou foi intenso a nível profissional e pessoal para todos nós.

Foi intenso a nível profissional: vimos todos os 80 eventos já garantidos de março a dezembro  cancelados, adiados, reembolsados ou até bem aproveitados (despesas de cancelamento transformaram-se em garrafas de vinho e seguiram caminho até aos nossos clientes!). E a nível pessoal: a saúde posta em causa como nunca havia sido e claro, sem saúde não há…nada!

Para um organizador de eventos foi um ano de muita resistência emocional. Alguém que organiza eventos nunca pára: visitas técnicas, orçamentos, checklists, deadlines, coordenar equipas, montagens e desmontagens e de repente… tudo pára. Tudo mesmo.

Mas na verdade não parou. Falamos muito com todos os envolvidos na nossa vida de eventos da Quinta. Clientes e fornecedores. A saber se estão bem e claro, a conversa vai parar ao “e aquele evento que fizemos da última vez? Vamos ver se esta pandemia passa rápido, para voltarmos!”

Voltar aos eventos na Quinta de Sant’Ana

Sejam mais formais em reuniões, conferências ou em modo mais social em viagens de incentivo, o conceito passa sempre pela sustentabilidade, por defender e preservar a cultura local, não só a nossa produção de vinho, com as nossas visitas e provas de vinho selecionadas. O evento mais “apetecido” é sem dúvida o Festival da Nossa Terra, inspirado no nosso Festival anual e que, a cada ano que passa, sobe no ranking de espaços preferidos para organização dos mais variados eventos.

 

Quem conhece a Quinta sabe que não é só um espaço que se aluga para eventos.

É primeiro uma história de amor pela terra, que remonta ao séc. XVII. Chega aos dias de hoje pelas mãos de Ann e James, sempre dedicados de corpo e alma à produção biológica de vinhos e flores, turismo rural e organização de eventos exclusivos. E é neste ambiente que trabalhamos, em conjunto com todas as equipas, da cozinha ao escritório e às vinhas, entre todas as áreas de negócio que se complementam.

Preparação de Eventos - Quinta de Sant'Ana Mafra Portugal - Event Preparation

Os preparativos

Lembram-nos um dia que estávamos a 3h de um evento para 130 pessoas, vindas das várias Américas. Trata-se de um evento inspirado neste nosso Festival, onde tudo acontece em todos os recantos da Quinta, e cada atividade evoca a identidade da Quinta e do que é tradição: feira de artesanato local, folclore, provas de azeites biológicos, e claro, do pão de Mafra quentinho a sair do forno. Falcoaria da Tapada de Mafra, provas de vinho, pintura de azulejo. Tudo das 13h as 17h. Meses de planeamento com o cliente, com o chef, com a logística resultam nesta tarde.

Chegando às 09h já se encontra o “caos organizado”: já chegaram todos e ao mesmo tempo! A Quinta cheia de carros e carrinhas, escadotes nas paredes com os nossos rapazes que vêm da vinha para ajudar a pendurar bandeirolas, carregar mesas, chapéus de sol.

Temos sorte com o tempo” (sim…é uma camada de nervos o tempo aqui…manhãs sempre tapadas de nevoeiro denso que abrem à hora de almoço para um céu azul, mas enquanto o nevoeiro não vai embora, é pura taquicardia, ainda corre um pensamento que vamos a tempo de trocar tudo para dentro das salas, que felizmente são grandes o suficiente para resolver um plano B).

Entretanto, já são 11h e já vemos um céu azul…

As colegas da logística de braços cheios com vasos de alecrim, tapetes coloridos, almofadas grandes que atrapalham no caminho (do armazém até ao jardim é sempre em gargalhadas!). Estamos a preparar a área lounge no terraço das vinhas: uma área “picnic” para os convidados.

Chega o staff da falcoaria para o mesmo espaço: “é preciso prender as galinhas! E os cães! Senão dá-se uma tragédia!” dizem… lá vamos buscar uma bolacha e subornar a Bitsy para entrar na casa da família. Sabendo depois que nos próximos minutos, com o entra e sai, ela esgueira-se e já anda outra vez toda lampeira pela Quinta.

O cliente chega um pouco antes para ver se está tudo ok da nossa parte. Vamos dar uma volta aos espaços. É uma agência de eventos de um grupo de jovens super dinâmicos, organizam eventos em todo o mundo, mas é a sua primeira vez em Portugal e apaixonaram-se pelo país. A dmc local é nossa cliente habitual, já conhece “os cantos à casa”, trabalhamos todos como uma só equipa. Vieram em 3 visitas de inspeção durante todo o ano. Na última visita, 2 dias antes, chovia a potes. Fala-se de planos A, B, C… mas a previsão era sol. Difícil de acreditar.

Já estão cá há uma semana a conhecer a região. Hoje é o último dia do grupo. Amanhã vão embora cedo. Portanto hoje é o dia da celebração. É a última experiência do grupo em Portugal, aqui na Quinta. “Fechar com chave de ouro” – diz o cliente. Mais pressão para nós, mas orgulhosos deste privilégio.

O grupo chega. O céu já está azul e o sol brinda-nos com mais calor (respiramos fundo de alivio). Os empregados de mesa alinhados com bandejas de boas vindas, o acordeão dá o ritmo. As senhoras do pão, das filhoses, os falcões no braço dos tratadores. O James dá as boas vindas, apresenta a Quinta e o que vão encontrar durante o dia: o churrasco, as atividades, a música.

É a melhor parte, o início do evento: os clientes chegam e imediatamente tiram fotos, “wow” para a Quinta, “Wow” para o vinho, o calor, o folclore. Começa a festa e agora não pára, até ao fim da tarde.

Event Quinta de Sant'Ana

No salão temos workshops de pintura de azulejo, os participantes chegam aos poucos, a artista começa a aula e vemos que está tudo a correr bem. Uma colega está lá para assisti-la. Check!

Espreita-se na adega, temos um workshop de “wine blending”, a atividade em que aprendem a criar a sua própria garrafa de vinho . O James e a Lou estão já também a acompanhar. Check!

Toda a gente a circular: muitos clientes deitados na relva a contemplar as vinhas, outros a espreitar pela porta pequena da capela, outros já se infiltraram no folclore e dançam, saltam ou cantam. Bem tentam!

Outros aventuram-se nos passeios de trator e descobrem a propriedade na sua forma mais autêntica. Uma aventura!

A nossa chefe de sala dita a ordem quase militar aos empregados de mesa para servir, levantar loiça suja, repor buffets, servir bebidas. Está tudo a fluir.

Na cozinha é outro mundo: a equipa não pára: o nosso chef e a sua equipa a preparar e repor saladas, acompanhamentos, sobremesas, sempre ingredientes frescos que têm de ser feitos na hora. Trabalho constante em série a cortar, picar, empratar. O tempo todo! É um sobe e desce dos elevadores da cozinha para o serviço, que quase que falam por si: “vai subir saladas! Vai subir arroz! Vai subir batatas!”

O dia está a terminar, os autocarros começam a chegar, mas ninguém quer ir embora. A música continua, o vinho está fresco, está uma tarde de verão.

Algo surge de repente: a banda itinerante ao estilo New Orleans chega de surpresa. De repente temos 130 pessoas a dançar por todo o lado. Os trombones, trompetes, a bateria, o megafone dão o ritmo perfeito para terminar o dia. Com todos a dançar a caminho dos autocarros!

Melhor elogio que se pode receber: o cliente vem agradecer, “por favor a semana de Abril do ano que vem, vamos voltar!”.

Agora, num quase estalar de dedos, assim que o grupo sai, tudo se desmonta, limpa, arruma. O “caos organizado” volta a entrar em ação.

Últimas despedidas agora dos parceiros. E de repente são 20h e a Quinta está vazia, limpa e arrumada, silenciosa.

Não sentimos os pés. Agora sim, sabia bem um copo!

Que saudades destes dias… é o que nos dá a energia e certeza que estão prestes a voltar!